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'A situação é a pior que já vivemos, e o momento não é para retorno presencial' diz secretária de Educação

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Foto: Wander Schlottfeldt
Secretária municipal de Educação, Lúcia Madruga, falou sobre o panorama na cidade e esclareceu dúvidas no programa Direto da Redação, da TV Diário

A retomada do ano letivo na rede municipal de ensino de Santa Maria começou nesta segunda-feira, ainda em caráter remoto. Com bandeira preta em todo o Estado - pelo sistema de distanciamento controlado - e protocolos rígidos, a prefeitura optou por manter o modelo de ensino à distância, apesar de o governo estadual permitir aulas presenciais para os níveis de Educação Infantil e 1º e 2º anos do Ensino Fundamental.

Na manhã desta segunda, a secretária municipal de Educação, Lúcia Madruga, concedeu entrevista ao programa Direto da Redação, da TV Diário, e destacou a situação atual das escolas, a preparação dos professores, as condições dos alunos e outros assuntos.

Confira a entrevista na íntegra:

Diário de Santa Maria -Qual é a situação da cidade?
Lúcia Madruga - Lá no início do processo, houve uma orientação de que os municípios poderiam ser mais restritivos do que o Estado. Ocorreu em muitas vezes em Santa Maria, especialmente na Educação. A partir daí, as pessoas acabam considerando que a Secretaria Municipal (de Educação) é responsável pelo contexto como um todo. Nós somos responsáveis pelo ensino público infantil e fundamental. Mas a decisão da rede municipal, neste momento, devido à situação epidemiológica, é de que seja do ensino remoto, embora estejamos discutindo a possibilidade do retorno presencial durante o ano. No ano passado, tínhamos a expectativa de que em março de 2021, estivéssemos nas condições de retornar, mas isso não aconteceu. Já na semana passada, no processo de formação de 2 mil funcionários orientamos, esclarecemos e discutimos as diversas possibilidades e trouxemos muito essa discussão do retorno presencial. Até ali, o decreto estadual permitia qualquer rede que quisesse poderia retornar, desde que as condições sanitárias permitissem. Ao observar a semana passada, que já sinalizava algo complexo em termos de saúde, já encerramos a semana orientando a rede municipal para retorno remoto.

Diário - Como é feito o trabalho do ensino remoto? As escolas, professores e alunos estão preparados?
Lúcia
- Ele vem sendo regrado desde o ano passado. Temos todas as orientações de como deve acontecer. Na realidade da nossa rede, ele se dá muito pela inserção de atividades não presenciais do aluno. O que implica de entrega de materiais na casa do estudante e também a retirada nas escolas. Nós temos, sim, vários avanços que ocorreram em 2020, como o uso de mecanismos digitais, mas a nossa rede ainda precisa superar a questão tecnológica. Ainda não há condição para a rede, como um todo, assimilar uma condição de tecnologia. Então, as escolas ainda estão abertas para os familiares irem buscar materiais para os seus filhos. Reforçamos que as famílias entrem em contato com as escolas em que seus filhos estão matriculados.

Diário - Há previsão do retorno de aulas presenciais? Por que a escolha de voltar primeiro a Educação Infantil?
Lúcia
- O nosso retorno presencial foi replanejado e jogamos a data de expectativa para o mês de abril, sempre avaliando as condições. Há a discussão se os professores e servidores estarão vacinados, por exemplo. Sobre o retorno da Educação Infantil, foi feito um debate intenso já em 2020, no mês de setembro. O município havia permitido no início de novembro. A grande discussão daquele momento era de que as crianças estavam sendo cuidadas, sim, em situações que eram muito diferentes do ambiente escolar como situações clandestinas, os pais deixando-as de qualquer jeito. E uma criança estando dentro de uma escola, com todos os protocolos, estaria com muito mais segurança e cuidado até em relação à própria pandemia do que em outros ambientes. Ainda sabemos que isso é muito debatido, principalmente por conta das novas cepa (do vírus). Então existem outros elementos que entram nessa discussão. Enquanto rede pública, optamos por nos manter sempre em atendimento remoto porque precisamos ter maiores condições. Quando o município movimentar o seu ensino presencial, ele vai estar movimento 80 unidades escolares, então, é essencial que isso seja muito bem pensado e elaborado e nós não entendemos que o município já tenha condições de dar este passo, ainda que nossas escolas estejam se preparando para isso.

Diário - Como funciona a dinâmica para buscar materiais aos alunos?
Lúcia
- O movimento que as famílias precisam fazer é o mesmo que faziam em 2020 até que tenhamos condições de fazer algo diferente. Existem as dificuldades de acesso digital, por isso criamos, no ano passado, o programa Educação em Cena, em que fazemos a gravação de videoaulas, além de ferramentas no rádio para que possamos levar para mais família o ensino não-presencial. Porém, sabemos que ainda há essa lacuna e vamos trabalhar para superar gradativamente essa situação. Mesmo que se retorne o presencial em algum momento, o remoto não vai sair da nossa vida tão cedo. Estamos estudando o presencial porque, vacinados ou não, no momento em que colocarmos os pés na escola, teremos que seguir os protocolos de segurança estabelecidos. Então, vamos trabalhando com tudo ao mesmo tempo, mas sempre tomando cuidado para que o momento de cada decisão esteja dentro das condições sanitárias.

Diário - A Educação Infantil pode voltar em abril?
Lúcia
- O contexto de hoje é de bandeira preta. Nela, existe o decreto do Estado que habilita somente a Educação Infantil e primeiros do Fundamental no presencial. Quando falo do retorno, estamos falando de bandeira vermelha, laranja ou amarela. Dentro dessas condições, a situação é de que o ensino presencial é permitido sem restrições. Quando falamos disso, é importante que as famílias tenham clareza de que estamos falando de condições, e de uma questão facultativa. Em nenhum momento, vamos forçar um retorno integral. Será facultativo, gradual e escalonado. Então, não vemos a possibilidade de ter um momento específico de retorno. Essas restrições são em caso de bandeira preta. A situação é a pior que já vivemos, e esse momento não é adequado para retorno presencial algum.

Diário - Os professores, neste um ano, se sentem preparados para seguir no ensino remoto?
Lúcia
- Sim, por enquanto é uma forma mais segura para eles. A rede de ensino em 2020 trabalhou remotamente. Muitas vezes, por falta de conhecimento, dizem que a rede ficou parada, mas não parou. Os professores fizeram um intenso preparo para entender o ensino não-presencial e atender as condições de um currículo considerado emergencial, trabalhar de forma interdisciplinar e aproveitar o tempo dos estudantes. É novo para todo mundo, é um contexto muito diferente do ensino presencial. Nossos professores estão muito "atropelados" por esse contexto. Eles tem muitas angústias, muitas dúvidas, mas estamos trabalhando permanentemente para dar a eles a respostas.

Diário - Há previsão de mais contratações de professores?
Lúcia
- Sim. Esse é um fluxo que permanece. Quando temos os bancos, à medida que vão se aposentando, a gente vai repondo o quadro. Mas não é um processo rápido e simples porque depende da pessoa que foi chamada. Ela tem o direito de ter um tempo para decidir se vai aceitar aquela chamada, se vai assumir, e depois ainda tem mais um tempo para ingressar. É um processo burocrático que envolve o direito de quem está sendo chamado. Nunca conseguimos ter a rapidez que gostaríamos de ter.

Diário - E quanto aos números de alunos que deixaram de frequentar a escola no ano passado, há dados sobre isso?
Lúcia
- A gente está trabalhando em um programa de rede de apoio em que está inserida a secretaria, o conselho de educação, promotoria, assistência social, e existe um movimento desse contexto para que possamos buscar aqueles alunos que não voltaram para a escola em 2020. É um programa de busca ativa dos estudantes. As escolas estão, inclusive, ligando para os pais. É um movimento intenso para que os alunos retornem, para que eles estejam próximos da escola neste momento tão difícil.

Diário - Qual mensagem você pode passar à comunidade?
Lúcia
- Em bandeira preta, a rede municipal não retornará em ensino presencial. É a nossa decisão. Entrem em contato com as escolas, conversem com os diretores. As escolas estão preparadas. Há tranquilidade e segurança entre os diretores para seguirmos o remoto. E estamos torcendo para que a vacina venha, para que a gente possa ter mais segurança. Mas para isso, fazemos um apelo para todas as pessoas: a gente quer voltar a ter uma vida mais próxima de como vivíamos antes, mas para isso a gente precisa se cuidar. A prefeitura, os médicos, sozinhos, não vão fazer milagre. Precisamos ter essa consciência.

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